Arte: Frank Alcântara

Análise – The Mercenaries (Os Mercenários) – Resident Evil 4

The Mercenaries (Os Mercenários) é um conteúdo extra de Resident Evil 4 que não poderia faltar no remake de 2023. A Capcom decidiu lançar o novo modo de jogo como DLC gratuito em 7 de abril, duas semanas após a chegada de RE4 ao mercado.

O REVIL decidiu explorar os personagens e cenários de The Mercenaries com calma e traz a seguir a visão de três membros da Equipe REVIL sobre a experiência no PlayStation 4, PlayStation 5 e PC (Steam).

Esta é uma análise conjunta com considerações de Dry Portes, Gustavo Evans e Caio Vale. As capturas de imagens foram feitas por cada um dos autores. A nota final leva em consideração a média entre os três envolvidos.

“O verdadeiro Mercenaries”
por Dry Portes – PlayStation 4

Desde Resident Evil 6 que os fãs estão “órfãos” de um verdadeiro modo Mercenaries, já que esta foi a última aparição digna do tão amado mini game. E não, o modo “Mercenaries” de Resident Evil Village, apesar de ter servido para tapar buraco na ocasião, não conta, pois ele não é realmente o que todos nós queríamos, mesmo que tenha sido meramente divertida a mistura que ele proporcionou.

O lado bom é que, cedo ou tarde e aos tropeços, a Capcom chegou lá. Resident Evil 4 (2023) veio de todas as formas contemplar os fãs, inclusive com um verdadeiro modo Mercenaries.

Os verdadeiros mercenários no vilarejo

Para os saudosistas, o sentimento de nostalgia ao jogar será inevitável. O modo conta com 3 fases, sendo elas a do Vilarejo, do Castelo e a da Ilha. Cada mapa tem seus inimigos e chefes específicos, característicos daquele local. As fases não estão todas liberadas logo de início, e é preciso jogar em cada uma delas e alcançar ao menos classificação C para que sejam desbloqueados os mapas subsequentes.

Já no lado dos personagens, contamos com 4 deles, Leon S. Kennedy, Luis Serra, Jack Krauser e Hunk. Cada qual com seu set de armas próprio, assim como sua habilidade caótica (iremos explicar adiante). Para o desbloqueio dos novos personagens é preciso alcançar classificação A e S, dependendo do personagem para liberar o próximo.

Tempo e mortes são tudo

O objetivo é bem simples, matar o maior número de inimigos dentro do tempo limite. De início você terá um tempo estipulado, mas que pode ser prolongado ao coletar Orbs de Tempo, que variam de 60 a 90 segundos a mais. A quantidade deles também varia de mapa para mapa, assim como suas localizações, que são aleatórios.

Como novidade no modo Mercenaries, agora existe uma barra de Poder Caótico, que enche ao matar inimigos, ao receber dano e ao coletar os Obs Caóticos. Essa nova habilidade concede ao personagem um tempo limitado do aumento de seus status, como velocidade, dano, resistência e também um diferencial variável para cada um. Luis por exemplo pode colocar dinamites por onde passa e Krauser libera seus poderes de mutação. A barra de Poder Caótico ao ser ativada não pode ser cancelada até que se esgote, mas não necessariamente precisa estar cheia para ser usada. Existe uma quantia mínima que, ao ser preenchida, libera para o uso.

Vale ressaltar também que as armas e itens já são pré definidos, como de costume para esse modo, não podendo ser alterados ao jogar. E assim como as habilidades, varia bastante de personagem para personagem.

Infelizmente no Remake não temos acesso ao mapa das áreas, coisa que ajudava bastante a não ficar rodando em círculos até decorar toda a fase. Mas felizmente, o congelamento do tempo ao abrir o inventário ainda está presente.

No quesito performance, o Mercenaries se atém aos mesmos problemas da campanha, como por exemplo o carregamento de texturas ao se aproximar do local, inimigos em slow motion e serrilhados quando de longe, isso independente do modo que jogue, priorizando os gráficos ou os frames.

Fora isso, o maior defeito dele é não ter um modo multiplayer, seja local ou online. Mesmo que a versão original não fosse capaz de oferecer um coop, uma das melhores coisas é poder jogar junto dos amigos, seja em uma partida local ou online. E como um Remake que teve ótimas adaptações, colocar um multiplayer não iria descaracterizar o Mercenaries em nada, muito pelo contrário, iria agregar. Mas isso também foi um equívoco – ou desinteresse – no modo em Village.

Rank S++

Com toda certeza esse modo Mercenaries é um alento aos fãs, praticamente tem tudo o que queríamos. Nos pega pela nostalgia, pela boa jogabilidade, pelo presente mais que merecido que ele é. Aos amantes do mini game é um prato cheio de pura diversão.

Infelizmente ainda são poucas fases e personagens, mas é bem provável que novos mapas e personagens acabem chegando por meio de DLC’s, ainda mais se o modo obtiver sucesso entre os fãs, o que eu acho que já têm, por sinal. O fato de ter menos mapas e personagens, deixando alguns inclusive icônicos de fora, também é um forte fator de que haverá aditivos com DLC’s.

Nota: 9

Pontos Positivos:
+ O verdadeiro mercenaries;
+ Habilidade caótica.

Pontos Negativos:
– Sem multiplayer;
– Poucos mapas e personagens.


“Extremamente divertido”
por Gustavo Evans
PlayStation 5 / PC (Steam)

ATENÇÃO: Esta análise foi feita com base no PS5 e no PC. Contudo, como não foram identificadas diferenças de performance que fossem significativas o suficiente para fazer esta análise separadamente. Ah! Meu PC é um RTX 3050, 16 GB RAM e um i5 de décima primeira geração. As capturas são do PS5.

O modo Mercenários é um dos modos extras mais queridos pelos fãs de Resident Evil, do qual eu me incluo. Desde que vi algo do tipo em Resident Evil 3: Nemesis, do PlayStation em 1999, percebi que todos os jogos que tinham o modo que, para mim, eram de uma alegria ímpar. Mesmo em jogos que não tenho tanto apreço quanto o Resident Evil 6, o modo mercenários ainda me fez render horas e horas de jogo e diversão em um modo que a campanha principal não me incentiva em nada repetir. Ausente em Resident Evil 7, no remake do Resident Evil 2 e Resident Evil 3, o modo voltou em Resident Evil Village, ainda que divertido, em um formato diferente. No dia 7 de abril, a Capcom liberou uma atualização com o modo para Resident Evil 4 Remake. Será que dessa vez o estúdio acertou?

Jogando e sentindo

O novo modo Mercenários de RE4R é nada mais que o mesmo que nós conhecemos dos antigos jogos, mas com algumas novas adições. Aqui nós temos quatro personagens disponíveis, sendo eles: Leon, Luis, Krauser e Hunk, além de três mapas, Vila, Castelo e Ilha, todos referentes aos principais cenários da nossa jornada na campanha. Infelizmente não contamos com Ada Wong e Albert Wesker na lista de personagens jogáveis, como no original, mas é de se imaginar que se a Capcom lançar uma DLC com a campanha Separate Ways, os dois também vão estar inclusos no pacote.

Todos os quatro personagens jogáveis se diferenciam em diversos aspectos. Leon, é o mais equilibrado e possui um maior arsenal de armas a sua disposição, sendo Luis o mais pesado, mas com golpes físicos que atingem mais inimigos, por exemplo. Além disso, os personagens possuem uma espécie de barra especial, tendo cada um o seu. Hunk, por exemplo, passa a ter munição infinita por um tempo e Krauser consegue se transformar em uma criatura de Las Plagas. Cada personagem tem sua forma de jogo distinta e cabe a você decidir qual se encaixa melhor em seu perfil.

Jogar Mercenários é realmente muito divertido e, mesmo com poucos mapas e personagens, me encontrei diversas vezes imerso no modo, pois a sua repetição não é nada cansativa. Tentar melhorar a pontuação no mapa e bater seus próprios recordes é muito legal. A Capcom acertou muito nas novas adições e eu acredito que boa parte dos fãs vão gostar de jogar o modo.

Se comparada a versão de PlayStation 5 com a de PC, notei que no PS5, ao menos se comparado a minha máquina, o jogo roda de forma mais suave. Já que, aqui, temos o tempo inteiro hordas de inimigos te perseguindo com diversas explosões e efeitos visuais pipocando na tela. Contudo, não é nada que não atrapalhe e funciona muito bem em ambas as plataformas.

É bom, mas falta algo

Ainda que seja muito divertido e cumpra seu papel com maestria, o modo Mercenários deixa a desejar em não oferecer mais personagens e mais mapas em sua primeira atualização. Muitos jogadores podem sentir falta de mais variação de cenários e personagens, que poderiam ter sido importados de outros jogos, como Claire Redfield e Jill Valentine, e, até mesmo, Chris Redfield poderia estar presente, deixando o modo ainda mais divertido e completo. É uma pena que a Capcom não tenha pensado dessa forma, ainda que possamos receber Ada Wong e Albert Wesker no futuro, é muito pouco perto do que a série pode oferecer com seu elenco e até o que RE4R pode oferecer como jogo. Cada cenário do jogo renderia no mínimo dois ou três mapas para cada. E no meu entendimento, se temos Hunk como um personagem jogável, porque não outros, como os citados? Pra mim não faz muito sentido.

No geral, a Capcom acertou muito no novo modo Mercenarios. Ouviram as críticas dos fãs em relação ao que foi feito em Resident Evil Village e reformularam com a proposta certa, pegando o que foi feito de bom no passado e colocando adições pontuais que melhoram muito a experiência e contribuem bastante para a diversão. Contudo, a falta de conteúdo pode sim incomodar alguns jogadores.

Nota: 8

Pontos Positivos:
+ Resgate às raízes;
+ Adições pontuais, mas que fazem toda a diferença;
+ Extremamente divertido.

Pontos Negativos:
– Poucos mapas e personagens;
– Denuvo atrapalha um pouco o desempenho (PC).


“Pouca variedade de mapas e cenários”
por Caio Vale – PlayStation 4

O minigame é uma recriação da versão do agora clássico Resident Evil 4 (2005) e consiste em um modo de combate, onde o jogador enfrenta hordas de inimigos com o objetivo de conseguir o maior número de pontos possível em um determinado tempo.

Diferentemente da versão original que tinha 5 personagens jogáveis (Leon, Ada, Krauser, Wesker e Hunk), o remake estreia com 4 personagens: Leon, Luis, Krauser e HUNK e provavelmente contará com a presença Ada e Wesker em breve. Pela primeira vez, botamos as mãos no charmoso Luis que aparece oficialmente como personagem jogável em RE.

Assim como o modo história contém novidades e inovações do ponto de vista de gameplay, Os Mercenários faz uma mistura entre o clássico e o novo, através da implementação de novas mecânicas como o Modo Caótico. Neste modo, cada personagem tem uma habilidade especial única, que por sua vez, vai carregando à medida que o jogador derrota inimigos pelo cenário e aumenta o número de combos.

Krauser é um personagem cujo o modo chama a atenção, pois a sua habilidade em obter danos físicos com seu braço mutante e golpes de faca lembram e muito os jogos do gênero hack’n’slash.
Em comparação com a versão clássica, o modo extra é um pouco mais fácil visto que ao morrer, a pontuação não é perdida. Não é uma tarefa muito árdua conseguir um rank S e poder, inclusive, desbloquear a arma Hand Canon para o modo campanha facilmente. Basta conseguir rank S em todos os três cenários com qualquer personagem e pronto. É uma experiência single player
divertida e relaxante na qual você pode focar em quebrar seus recordes pessoais e ir atrás de pontuações cada vez mais altas, ou apenas se divertir executando alguns golpes maneiros e atirando em tudo que se mova.

A trilha sonora é outra iguaria digna de nota. As músicas contém acordes da trilha sonora clássica do Mercenaries original e dão ritmo à ação alucinante em tela.

A versão de PlayStation 4 tem bom desempenho apesar das quedas de frames em inimigos que estão longe do jogador. Embora bastante perceptíveis, as quedas de FPS e texturas de qualidade reduzida não chegam a atrapalhar a experiência.

Os Mercenários estreia surpreendendo com um gameplay divertido e que certamente fará os jogadores passarem bons momentos na frente da TV em combate intenso. É uma forma divertida de estender a jogatina após terminar o modo história. No entanto, apesar das novidades, a quantidade reduzida de mapas, que não são muito grandes, acaba fazendo com que a experiência seja repetitiva após algumas partidas e canse rápido. A facilidade em se conseguir altas pontuações mesmo quando o jogador morre na partida deixa o desafio quase inexistente e acaba tornando a experiência um pouco enfadonha.

Nota: 6.5

Pontos Positivos:
+ É possível jogar com diferentes personagens e experimentar o estilo de combate singular de cada um;
+ O minigame tem novidades na jogabilidade em relação ao original que trazem um frescor ao modo;
+ A trilha sonora é excelente e possui remixes das músicas do Mercenários de RE4 clássico.

Pontos Negativos:
– O demasiado aumento de facilidade faz com que o minigame enjoe rápido;
– Pouca variedade de mapas e cenários muito pequenos comparados ao RE4 clássico;
– A versão de PS4 possui quedas de FPS e texturas mal definidas em algumas partes dos cenários.


Média de The Mercenaries:

9 + 8 + 6.5 = 23.5 / 3 = 7.8 (nota final)

Esta análise conjunta contou com revisão de João Alves e Ricardo Andretto

Pontos Positivos (Modo Geral):
Habilidade caótica;
Resgate às raízes;
A trilha sonora é excelente e possui remixes das músicas do Mercenários de RE4 (clássico).
Pontos Negativos (Modo Geral):
Sem multiplayer;
Poucos mapas e personagens;
Denuvo atrapalha um pouco o desempenho (PC);
A versão de PS4 possui quedas de FPS e texturas mal definidas em algumas partes dos cenários.
7.8