Finalmente, a Gold Edition de Resident Evil Village está entre nós! Anunciada em junho deste ano, mais de um ano após seu lançamento, o oitavo título da franquia recebeu um pacote adicional de conteúdo (a popular DLC) que, além de um modo com a câmera em terceira pessoa (ALELUIA, IRMÃOS!!!) para o jogo principal, adicionou a Lady D, Chris Redfield e Heisenberg como personagens jogáveis do modo extra Os Mercenários e nos trouxe a campanha Sombras de Rose, onde jogamos com Rose Winters para desvendar os segredos sobre os seus poderes. Outra novidade também foi a volta dos que ainda nem chegaram, vulgo Resident Evil Re:Verse, novo multiplayer que foi “lançado” junto com o Village, mas que ainda não estava disponível para os jogadores.
Todavia, como o foco desta análise são as novas features que a Gold Edition nos trouxe, o Re:Verse vai ficar em uma análise em separado, ok? Bom, partiu análise!
Antes de mais nada, é importante assinalar aqui duas coisas: a primeira é que eu, Nats, não joguei o Village antes da câmera em terceira pessoa e, assim, não posso dar um comparativo mais preciso em relação à câmera padrão do Village (primeira pessoa), portanto, minha análise do jogo será literalmente a minha primeira vez com o game. A segunda coisinha é que esta análise NÃO CONTÉM SPOILERS, nem do jogo principal, nem de Sombras de Roses. Logo, pode ler tranquilo que você não será pego de surpresa e também porque tem gente que não teve oportunidade de jogar o Village até então (a gente respeita os amiguinhos, viu???).
Isto posto, bora para a parte técnica! Como a versão que testei é a versão de PC Steam, assim como o Resident Evil 2 (2019) e Resident Evil 3 (2020), o Village também recebeu um patch de atualização para a nova geração, que analisamos aqui, que de um modo geral (e em conversa com os demais membros do REVIL com as versões de Playstation 5 e Xbox Series S) teve um upgrade gráfico e de desempenho perceptíveis. A configuração do meu computador, um notebook gamer de configuração mediana (Intel® Core™ i5-11400H de 11ª geração, Placa de vídeo dedicada NVIDIA® GeForce RTX™ 3050 com 4GB GDDR6, Memória de 16GB (2x8GB), DDR4, 3200MHz; SSD de 512GB PCIe NVMe M.2) conseguiu rodar o jogo sem nenhuma dificuldade ou travamentos, também não reparei problemas em otimização. Mas, de um modo geral, os loading iniciais (o de começar o game e o de carregar o save depois de um tempinho sem jogar) demoram um pouco (cerca de 1 minuto), mas nada que comprometa a experiência.
Um ponto muito positivo que a Gold Edition adicionou ao jogo, tanto o jogo base quanto à DLC, foi um menu de acessibilidade, com opções de cor, tamanho e opacidade do fundo da legenda, opções para quem tem daltonismo e baixa visibilidade que eu achei sensacional. Anteriormente, a legenda padrão (a branca) “sumia” em alguns momentos do game, principalmente nos cenários com neve, agora, temos a opção de deixá-la mais visível e de um tamanho que fique confortável. Preciso comentar da dublagem???? Ainda segue maravilhosa e a DLC também recebeu dublagem e localização para o nosso idioma, logo dá pra curti-los tranquilamente e ainda se aprofundar mais na história.
Mesmo jogo, só que não!
A câmera em terceira pessoa adicionou uma experiência completamente nova a Resident Evil Village. Para quem, assim como eu, sofre de motion sickness e não consegue de jeito nenhum jogar com câmera em primeira pessoa (isso para mim é uma barreira para alguns jogos mesmo. Morro de vontade de jogar RE7, mas aquela câmera é um martírio pra mim – ajuda aí, Capcom!!!), essa adição da câmera em terceira pessoa só fez meus olhinhos brilharem de felicidade (e a certeza que menos Dramin vou gastar)!
Durante a gameplay do jogo principal, senti que a jogabilidade era muito fluida, como versões melhoradas das reimaginações de 2019 e 2020, tanto na movimentação do Ethan como com a interação com a câmera (sim, ficar tentando ver a cara do Ethan é um evento à parte!). A forma como o Ethan quer “continuar no sigilo” é divertida e eu, particularmente, gostei disso, mas isso não significa que não dê pra ver o rosto dele. Conseguimos ver o perfil, mas nada além disso é NO (voz do Just imitando Lara Croft), porém o que me chamou atenção é que nas partes em que o Ethan está falando alguma coisa, se vc for esperto e ir virando câmera nesta hora, verá que se preocuparam com a movimentação facial dele (sim, eu flagrei os lábios do Ethan acompanhando o diálogo).
Isso me leva a outro ponto, as cutscenes! Elas acontecem com a câmera em primeira pessoa e depois transicionam para as costas do Ethan e daí segue o jogo. Essa transição me lembrou muito os jogos rail shooter da década de 1990, tipo House of the Dead ou Virtual Cop, no qual a cutscene acontece e depois muda pra visão que o jogador tem naquele momento do jogo, e eu achei as transições bem agradáveis à dinâmica que esse modo de câmera trouxe.
Mas nem tudo são flores, né? Eu encontrei, ao longo da jogatina, uns bugs de render e de sombra no cenário (discretos, mas perceptíveis); a mira, às vezes, ficava maluca “travando” nos pés dos lycanos (mas nada como soltar a mira e mirar novamente não resolvesse) e um delay na ação de pegar os itens, mas nada que atrapalhasse a minha experiência. O som, a iluminação e a “física” dos objetos foi uma coisa que eu curti como, por exemplo, o balançar do cabelo do Ethan ao vento quando ele corre, além do casaco dele se movimentando de forma coerente com ação que ele desempenhava no momento; o movimento da neve caindo, a iluminação das casas dos Lordes e dos demais cenários.
Um detalhe legal é que, como é a minha primeira vez no game, os troféus funcionam do mesmo jeito que se fosse com a câmera padrão (eu sei, é besta, mas gostei desse detalhe), logo, se você for o louco da platina e ainda não tinha jogado o Village, escolha o modo de câmera que mais lhe agradar e partiu!
Outro ponto positivo, que eu já mencionei lá em cima, é a jogabilidade do Ethan nesta câmera em terceira pessoa. Ele se movimenta muito bem e de forma muito fluida, troca de armas rapidamente, mira sem tanto balanço (que fica melhor quando encontra e combina as peças das armas disponíveis do jogo) e a câmera muito mais intuitiva que nos dos reimaginados. Eu, particularmente, só tenho elogios para a fluidez que essa jogabilidade me proporcionou porque foi cada “dibre” que eu dei em dona Lady Di que dona Jill Valentine ficaria com inveja!
O lado escuro da Rosa
Atenção aqui, meus queridos! Se você ainda não jogou o Village e não sabe o que aconteceu lá, o conteúdo dessa DLC é um baita spoiler do final do jogo. Por isso, embora as informações que irei comentar já foram ditas oficialmente pela Capcom em seu último showcase, recomendo fortemente que você jogue o Village primeiro antes de se aventurar em Sombras de Rose. Dito isso, aviso dado, bora para a DLC!
A grande novidade da Gold Edition é o modo Sombras de Rose, que nos bota na pele da preciosa do papai, Rose Winters, em uma aventura onde ela, uma adolescente de 16 anos (sim minha gente, os fatos dessa DLC aconteceram 16 anos ao após os ocorridos em Village) tenta viver uma vida normal, apesar da “herança” que seu pai deixou. Desesperada para se encaixar, Rose descobre que pode ter um meio de ela ter essa vida normal que ela tanto sonha e, por isso, vai fazer o que puder para atingir esse objetivo.
A dinâmica da DLC lembra muito a “Little Miss” de Resident Evil: Revelations 2, cujo stealth e a fuga são as ferramentas cruciais para vencer aqui, pois a Rose não é um soldado treinado e só sabe o básico em armas para poder se defender. A câmera em terceira pessoa é o padrão deste modo, só que é possível ver o rostinho da Rose. A Rose é mais lenta que o Ethan Winters, o jeito que ela corre me lembra muito o Fatal Frame 4 e ela é a típica adolescente marrenta, teimosa e quer fazer as coisas do jeito dela.
Ao contrário do estilo de jogabilidade do Ethan, que é mais ofensivo, a Rose tem uma postura mais defensiva, já que a gameplay é toda pensada para a Rose fugir e se esconder, e não combater. Isto posto, Rose tem habilidades que viabilizam sua jornada. A história começa meio parada e vai engrenando à medida que revisitamos alguns cenários do Village e revivendo alguns traum…digo, experiências do jogo.
Em relação à parte técnica, ela é semelhante ao jogo principal. Igualmente dublado e localizado, a única crítica que eu tenho é que a partir de uma parte do jogo, o som dos diálogos está dessincronizado com as legendas, mas nada que um patch de correção não resolva. Não encontrei bugs, nem queda de frames e o mesmo problema do primeiro loading demorado persiste aqui.
O jogo oscila as sensações entre o “Ok, aqui parece que eu entendi”, “minha nossinhora da bicicletinha”, “socorro Deus” e o “aaaaaah, que fofo!” (é a melhor forma de descrever o que vi sem dar spoilers), e como é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, numa primeira jogatina, é bem possível que deixe alguma coisa passar. Porém, tem umas partes do jogo que são beeeeem cansativas de passar, mas não são difíceis, mas fazem parte da experiência da DLC. O tempo médio de jogo, em uma primeira jogatina, é de 4 horas. A história da DLC tem uma carga emocional e psicológica considerável, mas no quesito enredo ele cumpre o que promete e fiquei bem satisfeita com ele.
Todos os recursos de acessibilidade disponíveis no jogo base também estão disponíveis aqui também (ponto da Capcom!).
Concluindo…
Resident Evil Village Gold Edition prometeu uma experiência diferente desde o seu lançamento e foi isso que ela entregou: uma experiência nova (e completamente diferente, segundo os demais membros da equipe REVIL que jogaram o Village antes de mim) com a câmera em terceira pessoa para o jogo principal, uma DLC com o tal desfecho do “arco dos Winters” (será?), novos personagens ao modo mercenários e a volta dos que nem chegaram (Re:Verse).
Eu, particularmente, tenho muitíssima dificuldade em jogar em primeira pessoa por questão de saúde e isso me impede de jogar alguns games por conta disso. Assim, uma opção com a câmera em terceira pessoa deixa o jogo mais inclusivo e, por isso, muito obrigado, Capcom (que isso se repita em futuros jogos). Sei que muita gente vai vir dizer: “mas Nats, primeira pessoa deixa o jogo mais imersivo e por aí vai…” e eu não discordo de vocês, mas câmera em primeira pessoa é um limitante para mim porque o motion sickness bate muito forte e, mesmo com opções disponíveis para reduzir balanço e tudo mais, eu ainda me sinto muito mal e não consigo jogar.
E por falar em inclusão, os recursos de acessibilidade que o jogo dispõe é outro gol da Capcom! Eu mesma fiz essa análise com a legenda em amarelo pq é muito mais confortável à minha visão que a branca, mas os demais recursos disponíveis para quem tem alguma deficiência visual e/ou alguma deficiência auditiva (ele dispõe de closed captions) aquecem o coração da gente que torce pela inclusão. Afinal, videogame é pra todo mundo, né?
Por fim, apesar dos bugs e loadings demorados, minha experiência com jogo base e a DLC foram muito satisfatórias e fiquei muito feliz em jogar o Village sem passar mal e curti a DLC da Rosinha. No mais, Resident Evil Village Golden Edition é uma versão dessa joia da Capcom que vale a pena ter (seja agora ou quando puder adquiri-la), porém, se você já tem o jogo base, basta adquirir a DLC dos Winters que é vendida separadamente.
Resident Evil Village Gold Edition e os conteúdos adicionais da Expansão dos Winters e Os Mercenários vão estar disponíveis a partir de 28 de outubro com dublagem em português do Brasil.
Colaborou com a revisão deste conteúdo: Fred Hiro
Imagens do modo Sombras de Rose são de um material fornecido diretamente pela Capcom. As demais capturas de Resident Evil Village Gold Edition foram realizadas pela autora da análise no PC.