Se tem uma comunidade de fãs de jogos da Capcom em festa, essa é a da série Onimusha. Depois de tantos anos afastado, sem um jogo da série principal desde 2006, enfim, podemos comemorar seu retorno com um jogo novo em 2026, 20 anos depois. Para aquecer o coração dos adeptos da série antes do novo capítulo, a Capcom trouxe um remaster de Onimusha 2: Samurai ‘s Destiny para as plataformas modernas, anos após o mesmo ocorrer com o original. Estaria a nova versão de um dos jogos mais icônicos do PlayStation 2 a altura de seu legado?
Onimusha 2: Samurai’s Destiny originalmente foi lançado no PS2 em 2002, com a proposta de ser um jogo de ação e aventura, com uma boa pitada de horror nessa mistura, tendo influências diretas de seu primo mais velho, Resident Evil. O jogo original de 2001 foi um sucesso, abrindo imediatamente as portas para uma sequência, no ano seguinte. No segundo capítulo, o jogo conta a história de Jubei, um jovem senhor feudal líder do clã Yagyu, que teve sua cidade natal atacada pelas forças de Oda Nobunaga, agora aliado de forças demoníacas, anos após os eventos do primeiro jogo. Jubei acaba sendo ajudado pelos Oni, ganhando o poder de absorver as almas dos inimigos com uma marca em sua mão, gerando habilidades sobrenaturais ao personagem.
Narrativamente, não espere demais aqui, mas acaba sendo um ponto positivo. Assim como o jogo original, Samurai’s Destiny se preocupa mais com seu universo do que em contar uma história complexa. Aqui você tem o famoso básico bem feito, mas que funciona perfeitamente dentro da sua proposta. Jubei não tem o mesmo carisma de Samanosuke do primeiro game, mas é um personagem que ganha sua simpatia, afinal ele só quer vingar seu povo e ajudar as pessoas, apesar da sua seriedade demasiada, que em alguns momentos pode acabar irritando. Os personagens de apoio são até mais interessantes que o protagonista. Saiga, Ekei e Kotaro, os parceiros de Jubei na jornada, são ótimos personagens, contendo motivações bem convincentes de estarem ao seu lado.
Como mencionado, claramente suas grandes influências vem de Resident Evil: câmeras fixas, o famoso back tracking, onde temos que ir e voltar em um mesmo ambiente várias vezes para progredir no jogo, inimigos surgindo de surpresa e por aí vai. Contudo, existem várias influências vindas de outros jogos da desenvolvedora, como Devil May Cry e até Mega Man em alguns jogos. Esse é um dos grandes trunfos da série, experimentar. Samurai’s Destiny em essência, na sua jogabilidade, é um jogo bem parecido com o anterior. Você possui um arsenal diferente de armas ao seu dispor, com poderes diferentes, com ataques básicos e especiais, podendo também se esquivar ou se defender dos inimigos. Porém, Onimusha 2 trouxe refinamento a essa já conhecida jogabilidade e uma nova mecânica sensacional.
Durante o jogo, você pode coletar itens diversos pelos cenários, podendo ser usados para presentear seus aliados. Além de ganhar itens que ajudam na jornada, como os de cura, você também tem um nível de amizade com esses personagens que sobe a cada presente. Dessa forma, além de ganhar itens de suporte, elas também passam a ser mais presentes nas lutas pelos cenários, às vezes até evitando que você precise lutar contra determinada horda de inimigos. Em níveis mais altos, você também desbloqueia cenas novas e até capítulos extras, o que é realmente muito legal e ajuda a aumentar o fator replay do jogo, que não é muito longo, podendo ser terminado com menos de 10 horas.
Para quem nunca jogou nada da série, é possível sim começar pelo segundo jogo. Apesar de ser uma continuação quase direta do anterior, a aventura aqui se concentra mais na história de Jubei como um todo. Contudo, existem diversas referências ao capítulo original e aos seus acontecimentos, incluindo até alguns mesmos cenários a serem revisitados. Em termos de comparação, Onimusha 2 está para a série assim como Resident Evil 2 está para Resident Evil. Contudo, recomendo jogar o original, até porque, o jogo ganhou legendas em português em um update gratuito da Capcom, portanto, os dois jogos possuem localização para o nosso idioma, sendo uma das grandes novidades dessa remasterização.
Artisticamente, Onimusha 2 é um show à parte: o jogo tem designs de personagens realmente lindos, sendo todos eles visualmente bem distintos. Porém, onde o jogo se destaca mais nesse quesito, são em suas criaturas, com um monstro sendo mais criativo do que o outro. Desde os novos inimigos aos chefes, todos são muito legais.
Como jogo, Samurai’s Destiny cumpre muito bem seu papel. É ainda melhor que o original em alguns aspectos e dando muito bem continuidade a franquia. Se você jogou o remaster do primeiro jogo anos atrás (Onimusha: Warlords) e estava esperando a chegada do segundo, você não vai se decepcionar, é um grande jogo de videogame e um clássico absoluto do PS2. Mas e como remasterização?
A Capcom é uma desenvolvedora que vem apostando muito no seu catálogo de jogos antigos, trazendo versões modernizadas de inúmeros jogos e até versões que beiram a comparação com remakes, como foi o caso de Dead Rising Deluxe Remaster. Nós últimos, a desenvolvedora tem acertado bastante nesse departamento e errando muito pouco. Se não me engano, a única remasterização contestada do estúdio foi a da coletânea de Street Fighter, mas não pela qualidade dela em si, que é excelente, mas pelos problemas de conexão no modo online. Felizmente, Onimusha 2, segue o exemplo dos outros bons trabalhos.
A versão que eu joguei foi a de PlayStation 4, que rodei em um PS5, disponibilizada gentilmente pela Capcom Brasil ao REVIL para criação de conteúdo. Roda de uma maneira incrível. O jogo está na resolução 4K, a 60 quadros, com uma qualidade de imagem fantástica, principalmente em TVs com suporte a HDR, como a minha. O que me impressionou mais aqui foi o trabalho nas texturas do jogo inteiro, não só nos modelos dos personagens, como normalmente acontece com jogos daquela geração. Os cenários, em grande maioria, estão em alta resolução. Eu fiquei realmente muito feliz ao ver tamanho capricho na parte técnica do jogo. Acho que pode servir tranquilamente como referência para outros da Capcom da era PlayStation 2 ganharem uma remasterização, como Haunting Ground ou Clock Tower 3. Além disso, os controles foram modernizados e existe uma fluidez maior nos movimentos de Jubei em relação ao jogo original.
Samurai’s Destiny também vem carregado de novidades, como o modo Infernal para quem quer mais desafios ainda ao jogo, salvamento automático, os minigames disponíveis aos jogadores desde o início e extras como galeria com artes do jogo e faixas musicais da trilha sonora nesse pacote. Além de claro, a já mencionada legenda em português do Brasil.
O que acabou faltando mesmo foi a opção de jogar com uma dublagem em japonês. A dublagem em inglês não é muito boa, embora não chegue a ser ruim, mas é bem diferente em termos de qualidade com o que estamos acostumados hoje em dia.
Onimusha 2: Samurai’s Destiny é um baita trabalho de remasterização da Capcom. Modernizaram muito bem um clássico do PS2, com muitas novidades em relação a versão original e com legendas em português, fazendo toda a diferença para o público brasileiro e sendo um exemplo no mercado. A Capcom acertou mais uma vez e entregou algo digno e à altura do nome Onimusha. O jogo está disponível para PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox One e PC via Steam.