Resident Evil 2: 20 anos de um dos maiores clássicos da franquia

Já se passaram 20 anos, mas parece que foi ontem que um dos maiores clássicos da franquia Resident Evil chegou ao mercado. Resident Evil 2 brilhou pela primeira vez em 1998, no PlayStation, e se consagrou como um dos mais aclamados jogos no estilo Survival Horror da época. O título é, para muitos, uma obra prima.

Uma continuação de sucesso

Resident Evil 2 acumula hoje o quinto lugar entre os jogos mais vendidos da franquia, com quase 5 milhões de unidades comercializadas no mercado. Entre as propostas clássicas, o título perde o posto somente para o primeiro Resident Evil, que se tornou um sucesso em 1996. RE2 começou a ser produzido logo após a Capcom perceber a aceitação da crítica. Em apenas um ano, o jogo já tinha ficado praticamente pronto para o lançamento, que acabou acontecendo primeiro nos Estados Unidos, em 21 de janeiro de 1998.

Ainda na época, Resident Evil 2 já mostrava a audácia dos desenvolvedores, com um produto dividido entre dois discos compactos e personagens, Leon S. Kennedy e Claire Redfield, unidos por um só propósito: sobreviver à Raccoon City, com pontos de vista diferentes sobre uma mesma história.

Resident Evil 2 tornou-se um sucesso absoluto e detém médias altas em sites com avaliações críticas – 93% de aprovação no GameRankings e 89% no MetaCritic. Vale ressaltar que o jogo foi lançado no mesmo ano de The Legend of Zelda: Ocarina of Time (Nintendo 64) e Metal Gear Solid (PlayStation), concorrentes de peso que como RE2 são listados até hoje entre melhores da história.

Resident Evil 2 não só expandiu o arco da franquia para Raccoon City, com direito a uma passagem por uma delegacia de polícia (R.P.D.) repleta de zumbis, como também introduziu outros personagens, além de Leon e Claire, que seriam aproveitados em outras sequências, como Ada Wong, Hunk e até mesmo Sherry Birkin. No fim, o sucesso de RE2 também levou à continuidade de Resident Evil, tornando o surto na cidade o primeiro de muitos.

Resident Evil 1.5

Você sabia que Resident Evil 2 poderia ter sido bem diferente? Claire Redfield, por exemplo, não existiria… Brian Irons, delegado da R.P.D., teria sido uma pessoa de boa índole… mas calma que tudo isso tem uma explicação, e o nome dela é: Resident Evil 1.5.

RE 1.5 na verdade é o primeiro protótipo de RE2, que estava marcado para chegar ao mercado em 1997, um ano antes do lançamento final. Só que o título foi cancelado quando já se aproximava da conclusão, após os desenvolvedores perceberem que a proposta precisava de melhorias. O pai espiritual de Resident EvilShinji Mikami, chegou a dizer em entrevistas que as ideias eram boas, mas que não funcionavam em conjunto com a obra, assim como o roteiro e isso poderia prejudicar a franquia – não levando a mais sequências.

A trama de Resident Evil 1.5 seguia algumas premissas da versão final do jogo, com o surto em Raccoon City meses depois dos primeiros acontecimentos nas montanhas Arklay e na mansão Spencer. No entanto, nessa versão, a Umbrella já teria sido fechada por conta de seus experimentos ilegais com armas biológicas. Já imaginou o quão fácil teria sido para Chris se isso realmente tivesse acontecido? Será que mesmo depois da Umbrella ter sido derrubada facilmente, teríamos a B.S.A.A.?O jogo também seria dividido entre dois personagens, Leon S. Kennedy, que já seria um policial em atividade (porém novato) e começaria o seu drama no heliporto da delegacia – e não na cidade – e Elza Walker, personagem que na versão final de RE2 deu lugar à Claire Redfield. Elza foi pensada como uma universitária apaixonada por motocicletas que acaba no meio do surto de zumbis de Raccoon City.Ao contrário da versão que chegou ao mercado de Resident Evil 2, os caminhos de Leon e Elza não se cruzariam em momento algum da trama, com cada personagem tendo dois parceiros de suporte, ao invés de apenas um. Leon teria ajuda de Marvin Branagh e de uma pesquisadora, Ada. Elza, por sua vez, contaria com Sherry Birkin e um outro personagem, John, que em RE2 assumiu a identidade de Robert Kendo.

O departamento de polícia na versão 1.5 era menor do que na vista na versão final. Os jogadores teriam mais contato com outros policiais feridos dentro da delegacia, inclusive com um oficial superior de Leon, o Roy. Ainda em Resident Evil 1.5, os personagens teriam a opção de ser equipados com roupas de proteção que permitiam o carregamento de mais itens e redução de danos.RE1.5 foi cancelado em seus estágios finais de desenvolvimento. Recentemente, o diretor da versão clássica de Resident Evil 2, Hideki Kamiya, comentou a decisão e admitiu que tinha pouca experiência na função e que foi incentivado a começar do zero não só por Shinji Mikami, mas também por outro escritor experiente da CapcomNoboru Sugimura, um dos responsáveis por Onimusha.

Apesar de poucas pessoas terem tido acesso, na época, ao famigerado beta Resident Evil 1.5, o título despertou a curiosidade dos fãs durante os anos. Supostas versões jogáveis de RE1.5 estão rodando pela internet desde então.

Resident Evil 2 em outras plataformas

O sucesso de Resident Evil 2 incentivou a Capcom a levar o jogo a outras plataformas. Assim como o PlayStation, o título chegou ao portátil Game.com (1998), Dreamcast (1999), PC (1999), Nintendo 64 (2000) e GameCube (2003). Hoje, RE2 somente é comercializado diretamente por meio da PlayStation Network (PSN) – o título digital é compatível com o PlayStation 3, PSP e PS Vita.

Resident Evil 2 chegou a inclusive ser relançado no PlayStation original com conteúdos adicionais. A versão Dual Shock incluiu suporte a controles de vibração e trouxe o novo modo de jogo, Extreme Battle. Há também outras pequenas alterações, como um novo nível de dificuldade e mudanças na tela de ranking e em outros minigames, The 4th Survivor The To-fu Survivor.

Extreme Battle

Esse modo apareceu pela primeira vez na versão Dual Shock de Resident Evil 2. Os jogadores devem sair do laboratório e chegar até a delegacia, onde precisam recolher bombas. São quatro personagens disponíveis – sendo dois habilitáveis: Leon S. Kennedy, Claire Redfield, Ada Wong e Chris Redfield. Cada um deles tem uma característica diferente e armas exclusivas. O caminho a ser percorrido pelos personagens, no entanto, é sempre o mesmo, e todos são capazes de encontrar munição e itens de cura em praticamente todas as salas.

The 4th Survivor

The 4th Survivor, disponível após o fim dos cenários A e B com qualquer personagem em Resident Evil 2, mostra outro lado da trama. Aqui, você joga com Hunk, o único sobrevivente da equipe de elite da Umbrella enviada para recuperar o G-Vírus.

Após a morte dos companheiros e com o vírus em mãos, Hunk deve fugir dos esgotos e chegar até o heliporto da delegacia para ser resgatado. A quantidade de munição à disposição dos jogadores dá a falsa impressão de que a tarefa é fácil de ser concluída, mas com cenários infestados de monstros, o armamento disponível se mostra sendo somente suficiente – tem que economizar e ser preciso nos disparos.

The To-fu Survivor

O objetivo do modo é semelhante ao de Hunk: levar uma amostra do G-vírus até o heliporto da delegacia. O caminho seguido e a quantidade de inimigos também são idênticos, mas as semelhanças param por aí. To-fu, apesar de ser bem mais forte que qualquer outro personagem de Resident Evil 2, carrega apenas uma faca e algumas ervas, não sendo possível encontrar outros equipamentos pelos cenários. E com um contador de tempo correndo constantemente na tela, que é levado em conta no final do modo, e a influência dos danos e itens utilizados no ranking final, o minigame The To-fu Survivor representa um dos maiores desafios de toda a franquia.

Curiosidades

A versão de Resident Evil 2 para Game.com do contava apenas com o cenário A de Leon. O título rodava em preto e branco e, apesar das limitações do console, apresentava gráficos surpreendentes. Mas para rodar, o jogo tinha sérios problemas e era comum travar no portátil ao menos uma vez antes do término.

O Tyrant T-103, enviado pela Umbrella à Raccoon City, foi apelidado pelos fãs de Mr. X e assim ficou conhecido popularmente ao redor do mundo.

Claire veste uma jaqueta com a frase “Made in Heaven” (Feita nos céus), nome de uma música da banda Queen.

A versão de Nintendo 64 também traz a possibilidade de mudar a cor do sangue. Tal recurso foi uma exigência da Nintendo, que estava preocupada com a violência do jogo.

Resident Evil 2 ganhou dois comerciais para TV, dirigidos por nada mais nada menos que George Romero.

Outra curiosidade bacana que o Nintendo 64 trouxe para a época com o lançamento de Resident Evil 2, foram os EX-Files, uma série de files extras em relação as demais versões do jogo. Além de adicionar detalhes à história, como por exemplo os relatórios feitos por Jill Valentine e Chris Redfield sobre o incidente na mansão, os conteúdos também trouxeram referências à outros títulos da franquia, lançados posteriormente pela Capcom. Em um desses files podemos encontrar a clássica fala de Jill Valentine de Resident Evil 3:

“Foi a última chance de Raccoon City… E a minha última chance. Minha última saída…”

Confira todos os EX-Files clicando neste link.

Remake a caminho!

Resident Evil 2 Remake foi anunciado oficialmente pela Capcom por meio de um vídeo do produtor Yoshiaki Hirabayashi – responsável por Resident Evil HD Remaster e Resident Evil 0 HD Remaster – no dia 12 de agosto de 2015. Publicado no canal oficial do YouTube da franquia, o material acumula quase um milhão e 300 mil visualizações.

Só que o anúncio aconteceu depois de uma série de mensagens divulgadas pelos responsáveis da franquia nas redes sociais. Em uma delas, publicada em 29 de julho de 2015, a Capcom pede opiniões sobre Resident Evil 2 Remake. Um dia depois, em 30 de julho de 2015, uma nova nota foi divulgada nas redes mostrando a empolgação do time de pesquisa e desenvolvimento com o feedback dos fãs. E no terceiro dia consecutivo de interação, já em 31 de julho de 2015, uma outra informação indicaria o provável estágio inicial de produção de RE2 Remake.

O anseio e a loucura dos fãs

Mais de dois anos se passaram desde o anúncio oficial de Resident Evil Remake 2 e, desde então, os desenvolvedores mantém segredo sobre qualquer detalhe do jogo. Nenhum teaser, nenhuma imagem ou qualquer informação que pudesse aquecer o pobre coração dos fãs. E é por conta disso que muita gente já está ficando maluca em meio a suposições, teorias e rumores pela internet.

Durante as primeiras semanas de fevereiro e até o último dia 21 deste mês, muita gente foi levada ao limite com algumas situações. Começou com um espaço vazio, continuou com uma mudança em uma foto nas redes sociais, ganhou mais força com uma atualização de endereço de site com direito a uma viagem dos desenvolvedores aos Estados Unidos e terminou com uma volta ao Japão e um esclarecimento público do time da Capcom.

Até nós, aqui do REVIL, ou até mesmo de outros sites de fãs esperávamos por algo significativo devido ao aniversário de 20 anos da versão clássica de Resident Evil 2. E aí que nada aconteceu.

Daí fica aquela impressão que ou a Capcom se esqueceu mesmo dos fãs e ignorou a enxurrada de mensagens recebidas nas mais diversas redes da companhia na internet, ou as cartas estão guardadas na manga para uma época maior. As apostas, atualmente, estão na E3, que neste ano acontece entre os dias 12 e 14 de junho.

Apesar de não interagirem com informações ou citações diretas durante o aniversário da versão clássica de Resident Evil 2 em território americano, os desenvolvedores da Capcom mostraram que pelo menos estão lembrando do lançamento do título no JapãoJun Takeuchi, um dos responsáveis pela primeira versão que chegou ao mercado de RE2 – ou Biohazard 2, em território oriental – fez um bolinho temático para comemorar os 20 anos de lançamento do jogo por lá [o lançamento foi em 29 de janeiro de 1998].

E não esperem por conteúdos do Remake por hoje – não criem expectativas. É só um bolo. Fim.Enquanto nada oficial aparece, os mais recentes rumores estão mexendo com a cabeça dos fãs – Resident Evil 2 Remake usaria o estilo de câmera sobre o ombro, teria campanhas únicas, referências ao beta RE1.5 e mais. E nós, aqui do REVIL, já fizemos um vídeo sobre as nossas expectativas sobre o RE2 Remake – confira clicando neste link.

Expectativa nostálgica

Resident Evil 2 foi a porta de entrada de muitos fãs para a franquia. Me lembro como se fosse ontem da minha primeira experiência com o jogo. Resident Evil 2 não foi o meu primeiro Resident Evil, mas era algo que me intrigava. Foi durante um almoço de domingo. Costumava ir na casa da minha avó para almoçar e meu tio – que me mostrou Resident Evil 3 pela primeira vez alguns meses antes – levou o PlayStation 1 pra gente jogar.

Se não me falha a memória, foi em 2001 que estive no comando de Claire pela primeira vez. Fiquei o dia todo com os meus primos jogando. Era um sentimento gostoso, ficávamos todos muito alegres, pois tínhamos apenas um Super Nintendo – que nem podíamos jogar muito por conta de aquecimentos na fonte. Nesse dia tive até que discutir com meus pais, pois eles queriam ir embora e eu, bom, queria terminar Resident Evil 2.

Depois de alguns domingo fazendo isso, minha avó acabou falecendo e o sentimento não foi mais o mesmo. Só que sempre que coloco as mãos em Resident Evil 2 ou 3, acabo tendo essa lembrança boa, de tempos que infelizmente não voltam – só digo que com certeza foram os melhores que passei. Felizmente, 20 anos depois do lançamento de RE2, tenho a oportunidade participar do aniversário do jogo, que tornou muitos dos meus domingos os melhores da minha vida. Tomara que Resident Evil 2 Remake me ajude a continuar com esse sentimento bom.

E você, teve alguns bons momentos com Resident Evil 2 também? Conte pra gente! Deixe o seu comentário!

Revisor/colaborador do artigo: Ricardo Andretto

Arte/destaque: Maggy-P